Impactos da Pandemia no futsal de várzea de São Paulo

Reportagem exclusiva mostra detalhes dos impactos causados em vários setores da cadeia esportiva do extra-oficial

Foto: Unsplash

Em 11 de março de 2020, a OMS declarou oficialmente que estávamos numa pandemia e até a presente data, o Brasil já perdeu mais de 440 mil pessoas para a Covid-19.

A Pandemia ainda sem controle e sem previsão de término, causou um impacto econômico muito grande em vários setores e com o esporte não foi diferente. Em julho do ano passado, postamos uma matéria sobre o fechamento de quadras em São Paulo e isso foi apenas o início da crise que afetou toda a cadeia do futsal de várzea de São Paulo.

Com isso as paralisações, o cancelamento e a postergação de competições afetaram principalmente as pessoas que vivem desse meio e até mesmo as empresas que também dependem dessa renda, tais como donos de quadra, fornecedores de materiais esportivos, árbitros, donos de liga de marcação de jogos, organizadores de Copas e festivais e muitos atletas que em alguns casos sobrevivem do futsal de várzea.

Como é o caso do atleta Daniel, atualmente com 37 anos. Atuando no futsal de várzea desde 2001, antes da paralisação ele vinha jogando em pelo menos 7 equipes. Hoje ele sobrevive como pode e conta com algumas doações e auxílios oferecidos pelos diretores dos times em que atua. 

“Eu dependo totalmente dessa renda, como sou “freelancer”, só recebo dos times quando temos jogos, mas sempre tenho um ou outro diretor que me ajuda com cestas básicas ou até mesmo com alguma ajuda financeira”.

 

ÁRBITROS, ORGANIZADORES E DIRETORES

Para os árbitros, diretores de times e para quem trabalha na organização, sejam elas de ligas, copas ou festivais, os problemas são outros. Em casos em que muitos levam este meio como um hobby e não dependem totalmente dos eventos esportivos para seus lucros, de fato a pandemia também diminuiu consideravelmente os valores, fazendo com que a perda dessa renda extra fosse notável.

Muitos tiveram que diminuir algumas mordomias adquiridas por não contarem com essa renda extra no final do mês, outros tiveram que trabalhar dobrado em seus empregos fixos para suprir a falta que o futsal rendia anteriormente.

Para os donos de quadra, o impacto foi grande. Devido as regras de isolamento social adotados pelo Governo do Estado de São Paulo, as quadras ficaram fechadas, agravando o financeiro dos donos, atrasando contas de luz, água, salários de funcionários e obras necessárias para melhoria do local.

Sem contar as quadras que investem também em segurança no local tendo ainda mais um gasto em vista além do que já é previsto. Por isso muitos donos assumiram o risco de tomar multa da vigilância e continuaram abrindo suas quadras mesmo sendo proibido pelas medidas restritivas.

 

CONFECÇÃO ESPORTIVAS

Um setor que foi pouco lembrado neste momento e que também foi muito prejudicado foi a de produção de fardamentos. A queda nas encomendas de fornecimento de materiais esportivos foi brusca e consequentemente com isso vieram as dificuldades financeiras para as empresas.

Para Alexandre Ferri, sócio proprietário da Bat Bola, o impacto é muito devastador nesse setor, segundo ele os clientes estão sem condições de comprar as mercadorias pelo fato de não estarem recebendo muito dinheiro.

“Agora com o agravamento da pandemia, não tivemos novos pedidos, fazendo o faturamento parar e comprometer 75% da empresa”, completou Ferri.

 

LIGA DE MARCAÇÃO DE JOGOS

Com as atividades paradas, o número de jogos semanais agendados despencou consideravelmente e afetou quem administra ligas de marcações de jogos como é o caso da FutLiga.

Para um dos sócios Sérgio Menezes, com os funcionários em home office, a alternativa foi usar a paralisação para manutenção da plataforma, melhorias no site, suporte aos clientes e ações de marketing, entre outras.

“Para manter o faturamento, tivemos que pensar rápido para que as equipes pudessem nos ajudar neste período, já que estão pagando mensalidade sem poder usufruir plenamente do agendamento de jogos. Então, agradecemos aos clientes que ainda estão nos ajudando e esperamos que em breve a normalidade volte e a nossa liga possa funcionar a pleno vapor”, completou Sérgio.

Não sabemos ao certo, quando isso tudo irá passar e teremos o tal “novo normal”. De qualquer forma, os efeitos da pandemia sobre o futsal de várzea são inquestionáveis e com certeza deixará aprendizados para todos os envolvidos.